O duelo entre Palmeiras e Bolívar, nesta quinta-feira (25), às 19h (horário de Brasília), pela fase de grupos da Conmebol Libertadores, terá um reencontro que poucos torcedores devem perceber, mas que é especial para o volante Robson Matheus. Com 22 anos, o jogador do Bolívar tem uma história profunda com o futebol brasileiro — e com o Palmeiras.
Filho de pai brasileiro e mãe boliviana, Robson nasceu em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, mas cresceu em São Paulo. Começou no futebol ainda criança e, aos 10 anos, foi aprovado em testes no Corinthians. Após dois anos no clube, passou pela Portuguesa antes de chegar ao Palmeiras, onde viveu sua fase mais marcante nas categorias de base.
Foram quatro anos na Academia de Futebol 2, centro de treinamento da base alviverde, convivendo com atletas que hoje estão no futebol europeu e treinadores que marcaram sua formação. Em entrevista ao ge, Robson lembrou com carinho da passagem pelo Verdão:
“Foi uma passagem muito feliz, onde aprendi, conquistei títulos. O Palmeiras foi muito importante para o meu crescimento como jogador e como pessoa. Aprendi muito com os treinadores e companheiros.”
A transição para o sub-20, em 2020, acabou sendo um momento decisivo. Com o elenco recheado de nomes mais valorizados, Robson perdeu espaço e acabou se transferindo para o Cruzeiro. Passou uma temporada no time mineiro e depois seguiu para o Ibrachina, equipe paulista voltada ao desenvolvimento de jovens atletas.
Mas, aos poucos, a idade para atuar nas categorias de base ia se esgotando. Foi aí que surgiu a necessidade de uma mudança radical: sair do Brasil. A Bolívia, terra natal de sua mãe, se tornou o caminho natural.
“Tomei a decisão (de ir para o Always Ready) porque era o momento de estrear como profissional na primeira divisão. E percebi que isso não ia acontecer no Brasil, nem na primeira, nem na segunda divisão.”
A aposta deu certo. Robson brilhou no Always Ready: foram 47 partidas, com 12 gols e seis assistências. Seu desempenho chamou a atenção da seleção boliviana, que o convocou com poucos meses de destaque local.
“Cheguei à seleção nacional muito rápido, foi tudo muito intenso. O telefonema da minha mãe chorando quando contei que defenderia o país dela foi inesquecível.”
Com a boa fase, veio também a proposta do Bolívar, um dos maiores clubes da Bolívia e atual gerenciado pelo Grupo City, o mesmo do Manchester City. Segundo o jornal boliviano “Deporte Total”, o Bolívar pagou cerca de 500 mil dólares para contratar o volante, que se tornou um dos reforços mais caros da liga local.
No anúncio oficial, o clube descreveu Robson como “uma das contratações mais destacadas para nosso centenário”. Hoje, o volante é titular absoluto e chega para enfrentar o Palmeiras com um misto de gratidão e emoção.
“Enfrentar o clube em que fiquei quatro anos e que basicamente me formou é um sonho muito especial, tanto para mim quanto para minha família.”
Mesmo titular no Bolívar, Robson faz questão de reforçar sua gratidão pelo período que viveu no Brasil. Em uma de suas declarações mais sinceras, ele reconheceu que o futebol brasileiro é exigente e, para muitos jovens, pode acabar sendo uma barreira difícil de ultrapassar:
“Se eu tivesse ficado no Brasil, não teria virado profissional.”
A frase forte não apaga a importância do Palmeiras em sua trajetória — pelo contrário. Mostra o quanto a formação no Verdão serviu como base para que ele seguisse sua carreira no futebol profissional.
Nesta quinta-feira, Robson estará em campo no estádio Hernando Siles, em La Paz, vestindo a camisa 8 do Bolívar. Do outro lado, estará o clube que ajudou a moldar o jogador que ele é hoje.
Próximos jogos do Palmeiras:
- 📅 25/04 – Bolívar x Palmeiras – 19h – Libertadores
- 📅 28/04 – Palmeiras x São Paulo – 16h – Brasileirão
- 📅 02/05 – Palmeiras x Independiente del Valle – 21h – Libertadores
